Por: aline lins
Segundo estado no Nordeste com maior número de investigações por crimes eleitorais, de acordo com ranking da Polícia Federal na região, a Paraíba registrou 1.217 inquéritos. Em nível nacional, o Estado aparece em quinto, atrás apenas de Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Norte.
Ficando atrás no Nordeste só do Rio Grande do Norte, onde foram apuradas 1.529 ocorrências nos últimos quatro anos, a Polícia Federal na Paraíba quer reduzir o total de ocorrências este ano, tendo como referência Pernambuco, no mesmo período, que registra apenas 524 casos.
O delegado da Polícia Federal Derly Brasileiro, responsável pelos inquéritos eleitorais na Paraíba, apontou o financiamento da campanha como um dos principais fatores que favorecem a corrupção eleitoral. Mas é na compra de votos (captação ilícita de sufrágio) que a Polícia Federal vai concentrar a maior atenção, pois segundo Derly, é o mais comum e mais grave praticado na Paraíba.
“Pelos números estatísticos que envolvem investigações eleitorais, a gente percebe que o eleitor também participa do processo de corrupção eleitoral. O eleitor vê o processo eleitoral como um momento de angariar dividendos econômicos”, revelou Derly.
Contudo, o delegado Derly Brasileiro disse que tanto o eleitor quanto o candidato têm a mesma responsabilidade em relação a esse tipo de corrupção eleitoral, pois “um não existe sem o outro”, e ressaltou que não só as classes mais carentes incorrem nessa prática irregular, da compra de votos, mas também as camadas abastadas. Ele declarou que “não é fácil pegar os grandes corruptos”.
“A corrupção eleitoral independe de classe. O que vai mudar de uma classe para outra é o objeto a ser negociado, que vai desde o feijão, o arroz, pneu de carro, emprego, cargo comissionado, bolsa de estudos no exterior, a vantagens contratuais”, desabafou o delegado federal. Ele disse que o processo de corrupção está arraigado na cultura da população, em todo o país, e a questão social, de carência e miséria, é só um dos motivos.
“Eu questionei um eleitor. Perguntei se chegar um candidato e oferecer dinheiro em troca de voto, se ele aceita, e ele disse a mim que aceita. Ele disse ‘e eu vou jogar o dinheiro no mato’”, contou Derly.
* Rondas ostensivas já começaram
A Polícia Federal está colaborando com a Justiça Eleitoral na realização de rondas ostensivas eleitorais, que começaram a ser feitas na última quarta-feira, junto com a 64ª Zona Eleitoral da capital e o Grupo de Operações Especiais (GOE) da Polícia Civil, na comunidade Bola na Rede e no Bairro das Indústrias.
Derly confirmou que as fiscalizações serão estendidas para o interior. Com caráter não apenas repressivo mas, sobretudo, pedagógico, as rondas também têm como objetivo, nas comunidades carentes, tranquilizar a população que teme até mesmo expressar seu voto, por causa da violência.
“Existe um medo latente nessas comunidades pobres, por isso o nosso objetivo é levar à população a crença de que existe o aparelho estadual, prevenir a ocorrência de crimes e levar a estabilidade democrática”, explicou Derly.
Em setembro, o TRE-PB promoverá encontros com juízes e promotores eleitorais em Campina Grande e em Sousa. (AL
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